A religiosidade na sociedade tianguaense

ORIGENS

Durante sessão ordinária na noite de segunda-feira, 8 de junho de 2015, na Câmara Municipal, os Vereadores de Tianguá aprovaram o projeto de lei número 44, de autoria do Vereador Mariano Diniz, do PSB, em parceria com o historiador João Bosco Gaspar. O projeto instituiu o Marco Zero do processo de urbanização de Tianguá.

O Marco Zero de Tianguá é a Catedral de N. Sra. Santana. É a partir deste local que todas as medições de distância relativas ao município são estabelecidas, além disso, a referência marca o local de onde a cidade teve origem.

CATOLICISMO

Tianguá começou a nascer nos arredores de uma simples capela católica. A origem do povo tianguaense é religiosa, e o povo permanece com essas raízes até hoje, goste ou não goste os adeptos da intelectualidade secularizada.

Erguida em homenagem a N. Sra. Santana, a capela era feita de taipa e coberta com palhas de babaçu. Segundo historiadores, foi construída no início da segunda metade do século XIX.

O historiador viçosense Edgar Bezerril Fontenele, em artigo publicado no Jornal O Povo de 27/11/1986 diz que João Batista Leal: "edificou um salão de paredes de barro coberto de palhas de babaçu, não para festas mundanas, mas religiosas. Nele colocou um nicho com a imagem de Santana de cuja santa era grande devoto. Cotidianamente, ao cair da tarde, depois do trabalho, Batista Leal reunia no salão toda a sua família. Rezavam o rosário e cantavam a ladainha da mãe de Deus. Aos domingos lia trechos da Bíblia. Na antevéspera do dia de Santana, festejavam a data novena e leilões. Reunia grande número de fiéis para homenagear Santana. Uns construíam barracas para festa, outros faziam negócios. Em breve Barrocão tornou-se um povoado".

Legião Operária Católica. Grupo de homens fardados a serviço das obras de construção e ampliação da catedral de Santana. Extraído do livro “Catolicismo do Povo. Cultura Popular nos Festejos de São Francisco em Tianguá”

Na época, uma expressiva quantidade de dinheiro foi doada a capela, tornando possível a criação do curato de Santana da Ibiapaba. Durante esse tempo a capela foi reformada e recebeu imagens. Ao passar dos anos a administração da igreja foi sendo modificada; novas reformas foram realizadas até que foi eliminada do cenário arquitetônico de Tianguá os últimos resquícios da primitiva capela de biqueiras coloniais. Hoje a Catedral de N. Sra. Santana é o Marco Zero do município.

Catedral de N. Sra. Santana, padroeira de Tianguá. Foto: Wikipédia.

POVO FRANCISCANO

Multidão nos festejos de São Francisco. Foto: Tianguá em Foco.

Uma expressiva parcela do povo tianguaense é devota de São Francisco de Assis. A cidade já assistiu a grandes festejos realizados em louvor ao Santo. Tais festividades são detalhadas no livro “Catolicismo do Povo. Cultura Popular nos Festejos de São Francisco em Tianguá”, de autoria do professor Amauri Pinto de Carvalho.

PROTESTANTES E PENTECOSTAIS

A cidade de Tianguá, erguida sobre o altiplano ibiapabano em meados do século XIX, nasceu e viveu sob a égide do catolicismo romano até o começo da década de 1940 quando os primeiros cristãos protestantes se estabeleceram na região e iniciaram o evangelismo. Contrariando as palavras do bispo de Sobral (de cuja diocese Tianguá fazia parte), Dom José Tupinambá da Frota, que se vangloriava por não ter em seus domínios eclesiásticos nenhum templo protestante, o ano de 1942 marcou o início do proselitismo evangélico em Tianguá, ocasião em que Maria Medeiros de Albuquerque (irmã Mosa) e o Homero Portela Moita, começaram a difundir a doutrina pentecostal entre os tianguaenses.

No censo geral do Brasil realizado em 1950 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o quadro religioso da cidade de Tianguá era o seguinte: católicos romanos 20.902 (10.246 homens e 10.656 mulheres), protestantes 58 (29 homens e 29 mulheres), espíritas 3 (2 homens e 1 mulher), outras religiões 2, sem religião 11 (7 homens e 4 mulheres) e sem declaração 13 (4 homens e 9 mulheres).

O ano de 2012 marcou os 70 anos da presença evangélica em Tianguá, sendo a Igreja Assembleia de Deus Ministério Templo Central a pioneira na cidade. Ao longo dos seus setenta anos de história, a IEAD acompanhou de perto o desenvolvimento da cidade e viu a pequena Tianguá da década de 1940 abrir seus braços para abraçar os horizontes da Ibiapaba. Hoje com aproximadamente 70 mil habitantes, Tianguá é o núcleo populacional mais importante da Serra Grande, onde a Igreja Assembleia de Deus se faz presente com 21 Congregações.

A religiosidade exerce um papel importante na sociedade, os valores religiosos e seus princípios morais interferem no viver diário das pessoas e em suas condutas em sociedade.

*Com informações do Wikipédia e do historiador João Bosco Gaspar.

Pesquisa e adaptação Matheus Urias